Preço do barril de petróleo Brent supera os 80 dólares

Setembro 29, 2021 04:16

Conforme comentámos nas nossas análises anteriores, o aumento da inflação é possivelmente uma das maiores preocupações que os mercados financeiros enfrentam neste momento. Os diferentes Bancos Centrais têm tentado acalmar os mercados com mensagens otimistas de que essa inflação é apenas temporária, e de que não afetará mais seriamente os mercados no futuro, mas e se o dia de julgamento que os mercados aguardam não for a inflação, mas sim a crise de energia?

É óbvio que o aumento do custo da energia é um fator importante que afeta o crescimento da inflação, mas com o passar das semanas e o aproximar do Outono e Inverno no hemisfério Norte, não é apenas o custo da energia e da eletricidade que está a aumentar, mas também o preço do petróleo tem subido lentamente, para níveis não vistos desde Outubro de 2018.

Pondo de parte as longas filas nos postos de combustível do Reino Unido, o custo dos preços de energia na Europa está a atingir níveis recorde. No seguimento de níveis recorde no preço da eletricidade devido, entre outras coisas, ao forte aumento dos preços do gás natural, do petróleo e ao abandono progressivo do carvão.

Embora a União Europeia esteja a tentar reduzir progressivamente a sua dependência de combustíveis fósseis, por enquanto, a geração de energia por intermédio de fontes renováveis ​​não é capaz de satisfazer a procura atual. Portanto, esta mudança está a motivar uma crise energética que afeta não apenas os mercados financeiros, mas também as famílias e, portanto, os consumidores.

Mas, neste momento, a maior preocupação em relação à crise de energia é claramente a China. Nos últimos dias, o gigante asiático começou a sentir as consequências da crise energética global, e o governo de Pequim começou a racionar o consumo de eletricidade na tentativa de reduzir os preços e as emissões.

A China está a realizar uma série de reformas na tentativa de alcançar uma economia mais sustentável e igualitária e, para isso, aposta no controlo da energia. Neste momento, algumas das áreas mais afetadas por este racionamento de energia são as áreas de Jiangsu, Zhejiang e Guangdong, que são importantes núcleos industriais. Isto resultou no encerramento de algumas fábricas, afetando fornecedores de gigantes como Apple e Tesla, e agravando a crise existente de escassez de microchips.

Portanto, parece que se está a formar uma tempestade perfeita para os próximos meses, o que está a sustentar subidas no preço do petróleo. O barril de Brent, como podemos observar no gráfico semanal, superou os 80 dólares, dando continuidade ao importante canal de alta que se iniciou com as baixas no início da pandemia, apesar das tentativas da China e dos Estados Unidos de tentar conter a preço.

Fonte: Plataforma MetaTrader5 da Admirals. Gráfico Semanal Brent. Intervalo de dados: 6 de Março de 2016 a 28 de Setembro de 2021. Gráfico elaborado a 28 de Setembro. Tenha em atenção que retornos passados não são garantia de retornos futuros.

Se observarmos o gráfico diário, podemos ver que, após saltar da zona de coincidência entre a faixa inferior do canal e os mínimos representados pela faixa vermelha, e formar um double bottom, o preço deu início a um forte impulso de alta que o levou a superar vários níveis de resistência, ultrapassando o número psicológico de 80 dólares por barril.

Podemos observar que o preço está a ser negociado muito longe das suas médias móveis e com um forte sinal de overbought no indicador stochastic. Portanto, não podemos descartar que, nas próximas sessões, possamos observar uma correção, embora, por enquanto, a tendência seja claramente de alta e a cotação possa continuar a ascender até junto dos 90 dólares, de acordo com a previsão da Goldman Sachs.

Fonte: Plataforma MetaTrader 5 da Admirals. Gráfico diário Brent. Intervalo de dados: 14 de Agosto de 2020 a 28 de Setembro de 2021. Gráfico elaborado a 28 de Setembro de 2021. Tenha em atenção que retornos passados não são garantia de retornos futuros.

Evolução dos últimos cinco anos:

  • 2020: -21,52%
  • 2019: 22,68%
  • 2018: -19,55%
  • 2017: 17,69%
  • 2016: 52,41%

Sobre a Admiral Markets

Este material não contém e não deverá ser interpretado como aconselhamento financeiro, recomendação, oferta ou solicitação para quaisquer transações de instrumentos financeiros. Por favor, note que esta análise de negociações não é um indicador confiável de desempenho presente ou futuro, uma vez que as circunstâncias podem mudar ao longo do tempo. Antes de tomar decisões de investimentos, deverá procurar aconselhamento através de consultores financeiros independentes para garantir que compreende os riscos.

Roberto Rojas
Roberto Rojas Analista Financeiro, Admirals Espanha

Roberto é Analista Financeiro com certificado de European Financial Advisor. Em 2013 graduou-se como Expert Manager em Ações com Derivativos nas Bolsas de Valores e Mercados Espanhóis. Trabalha na Admirals desde 2013.